Ver hoje governantes, jornais e até mesmo as pessoas vinculando o termo herói aos médicos, enfermeiros e profissionais da saúde colocam sobre esses um peso fantástico, no sentido de fantasia, mas que na verdade não tem absolutamente nada a ver com o dia a dia que tem tido nos últimos tempos.
Herói é uma palavra que me leva diretamente para um mundo onde o impossível não existe, onde a vitória é certa no final do episódio e onde superpoderes dão o auxílio necessário para a batalha.
Vamos concordar que nada disso tem a ver com o que hoje, os nossos supostos heróis, vem enfrentando. O termo "supostos" não vem a desmerecer o trabalho deles mas sim o que mascara um pouco (muito) a distância que existe entre a força de vontade e os "poderes" disponíveis para combater os inimigos.
Eu fico me perguntando como deve se sentir um médico que trabalha no sistema público de saúde ao ouvir o termo "nossos heróis de farda branca" do político que é o seu prefeito, governador ou presidente e ao mesmo tempo saber que aquela fantasia é tão real quanto a história do Super Homem.
Na verdade, a realidade desses "heróis" perpassa por muitas derrotas, mortes, reclamações de familiares desesperados e que acreditam que a culpa é daquele ser humano que está na sua frente. Perder um paciente por falta de um equipamento que foi comprado através de algo ilícito e que nunca chegou. Deixar de atender pois o limite das UTI's chegou ao topo e não tem como receber aquele paciente. A falta de medicamentos, de itens de segurança, de estrutura...
Enfim, na realidade vivemos em um mundo onde os vilões são muito mais reais que os heróis. Esses sim existem, estão espalhados pelo mundo todo (não é exclusividade do Brasil - embora aqui nós caprichamos), e fazem muito mal à toda a população.
É uma pena que no mundo real, os heróis sejam apenas ilusórios cidadãos buscando o melhor como podem enquanto os vilões tenham poderes de verdade para destruir tudo que desejarem.
Até o próximo!
Werner Lima
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